A cultura pode definir-se, de forma simples, como o conjunto de valores, crenças, costumes, normas e práticas que são partilhadas por um determinado grupo e que tanto moldam a sua identidade como orientam o seu comportamento.
Embora identificar uma cultura em torno do jogo possa não ser tão fácil como com outro tipo de culturas, esta pode ser reconhecida em certos grupos que, naturalmente variam consoante critérios como a idade, o género, a condição socioeconómica ou a localização geográfica.
É possível encontrar também subgrupos com diferentes características dentro de uma cultura dominante.
Ainda assim, e traçando um perfil geral e suficientemente abrangente para albergar diversas e diferentes culturas, há certos fatores que permitem evidenciar uma influência da cultura no comportamento dos jogadores.
• Normas sociais relacionadas à tradição: em certas culturas, o jogo é encarado como parte integrante da identidade social o que pode aumentar a sua participação e, simultaneamente, dificultar a prevenção dos riscos associados ao jogo.
• Tabu: por outro lado, noutras culturas o contrário se passa. O jogo é encarado como imoral ou inaceitável socialmente, o que coloca um travão nas apostas, mas desagua num isolamento e escondimento dos hábitos de quem rompe com tal cultura e joga.
Em ambos os casos, é evidente a ação de dois grupos muito específicos. Desde logo, os pares que convivem diariamente e que, entre si, podem condicionar, amigos, familiares ou outras pessoas do círculo pessoal próximo a apostarem ou ao seu contrário. Além das pessoas muito próximas, os ídolos – geralmente celebridades – desempenham também um papel fundamental, moldando opiniões e funcionando como ferramenta potenciadora de riscos ou como figura de autoridade fundamental na educação e consciencialização.
Apesar da cultura funcionar como base da formação de todas as pessoas, moldando visões do mundo e opiniões, é possível, através de diversas estratégias, tomar uma ação firme e sustentada na promoção do jogo responsável. O objetivo em todas as medidas é, naturalmente, introduzir (ou acentuar) em determinada cultura a importância de adotar precaução, cautela e racionalidade no jogo.
Este objetivo pode ser conseguido através de diversas medidas a ser tomada por diversos intervenientes como a própria indústria do jogo, o governo ou comunidade no geral, destacando-se a ação de todas as organizações que desenvolvem uma ação na matéria, nomeadamente organizações não governamentais.
A medida mais abrangente e eficaz a longo prazo prende-se com a educação e consciencialização, capaz de mudar mentalidades e de fornecer informações importantes em matéria de riscos e de prevenção, bem como sendo fundamental na facilitação de recursos e instrumentos aos trabalhadores da indústria do jogo.
A indústria do jogo pode também desenvolver medidas como o limite de apostas ou o fornecimento de ferramentas de autocontrole aos jogadores, limitando o impacto prejudicial das apostas e contribuindo para um jogo mais responsável e racional.
Por fim, e falando em terceiros, a nível de matéria governamental é fundamental regulação eficaz, baseada em evidências científicas e em estudos e que, por essas razões, tenha impacto positivo na cultura da população. Aliada ao disponibilizar de apoio e aconselhamento, quer da parte de medidas públicas, quer por organizações e associações, são medidas importantes na consciência geral. A parceria entre todos os envolvidos é, como tal, fundamental na mudança de perceções e de ideias.