Estratégias de Intervenção Precoce

Estratégias de Intervenção Precoce

É importante conhecer a relação entre o apostador e o jogo e compreender se é uma prática intencional e equilibrada ou se começa a transformar-se em vício. Para tal, aconselha-se um conjunto de estratégias para identificar e, caso seja necessário, intervir para garantir a segurança e o bem-estar do indivíduo. Isto, pois, em situações de dependência, facilmente há consequências negativas para a saúde mental, vida social e económica do cidadão, podendo afetar o próprio e as relações com amigos, famílias ou outros.
Estratégias de Intervenção Precoce

O primeiro passo é identificar para depois, se necessário, agir. Neste âmbito, é recomendado a realização de rastreios regulares para detetar indícios precoces de vício de jogo, o que pode ser feito através de diferentes meios - individual ou mais coletivo.

Pede-se a colaboração da família e amigos para uma avaliação tranquila (conversa para perceber as suas motivações e a importância do jogo nas suas vidas) acompanhamento e estarem atentos a sinais relevantes.

Entre eles, o início da dificuldade em parar, perder interesse e negligenciar outras áreas da vida, as mudanças de humor e sucessivas emoções fortes (ansiedade, irritação e excitação, etc.), mentir e esconder comportamentos preocupantes (recibos e extratos bancários) e continuar apesar das consequências negativas.

Num sentido mais comunitário, os questionários padronizados, estudos e outros testes servem para identificar problemas de uma forma mais globalizada.

Sugere-se também um envolvimento bem gerido, sem ser demasiado intrusivo, sempre consoante a personalidade do indivíduo e a potencial gravidade da situação.

Além disso, é indispensável educar e consciencializar os jogadores dos principais riscos.

Tal como a identificação, as estratégias de intervenção devem ser adaptadas à situação específica de cada apostador, tendo em conta alguns aspetos como a sua personalidade, recetividade em ser ajudado, motivação para a melhoria e recursos acessíveis para impedir o avanço do problema.

Por isso, uma boa estratégia para um pode não ser uma boa estratégia para outro.

A mais básica é a educação: fazer compreender o indivíduo dos principais riscos, funcionamento e os objetivos das empresas dos jogos de sorte e azar; recomendar dicas para a gestão do dinheiro e consequente prática responsável e, se necessário, partilhar histórias reais de pessoas que sofreram o impacto destes jogos.

É importante que o jogador tenha um bom suporte familiar e social através de um aconselhamento, intervenções breves ou apoio por outros meios.

Também se aconselha participar em atividades extracurriculares para se distraírem e divertirem, ficar longe de triggers que despertem jogar (sejam pessoas, locais ou ações) e estabelecer uma limitação gradual do tempo e dinheiro para evitar comportamentos aditivos e consumistas, seguindo-se um monitoramento do seu progresso para perceber quais os próximos passos a tomar.

Em caso de melhoria, é bom reconhecer e recompensar os seus esforços no sentido de os motivar a continuar este processo e evitar uma possível recaída.

Em caso de estagnação, é recomendado colocar os jogadores num tratamento mais especializado, como terapia cognitivo-comportamental, terapia de grupo ou clínicas/programas de reabilitação, sem nunca descurar o apoio e assistência dos entes mais próximos na superação deste problema.

E claro, quanto mais rápido houver uma identificação e intervenção, maior são as probabilidades de sucesso.

Mário Cagica

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Jornalista e comentador

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