O vício em jogos de azar está no epicentro da sociedade portuguesa. De acordo com os dados do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral levado a cabo pelo SICAD, mais de 55% da população portuguesa inquirida confessou estar viciada nestes jogos, no qual a maioria são homens.
As consequências podem ser graves em vários parâmetros (social, económico e social) e por esse motivo, há que agir com cautela. Aqui ficam, portanto, estratégias e medidas para prevenir e lidar com o vício tanto a nível individual quanto a nível comunitário.
Existem várias estratégias para prevenir o vício de jogo antes que se converta em um problema mais sério. O mais fácil, dentro dos que vão ser apresentados, é direcionado ao grupo mais próximo do jogador (família, amigos ou entes queridos): estar atento aos sinais que podem aproximar-se do vício ou dependência, como a necessidade de jogar cada vez mais (em termos de tempo e valor), a priorização sobre outras atividades, o uso do jogo como um escape à vida real, a presença mais assídua de sentimentos como culpa, vergonha, irritação, ansiedade, e excitação fugaz quando ganha, bem como mentir, negar ou racionalizar determinados comportamentos.
O apoio e a educação são fundamentais para que haja uma prática mais responsável. Uma boa estratégia também passa pelo desenvolvimento da literacia financeira, para que o apostador valorize mais o dinheiro e faça uma melhor gestão dos seus recursos.
Além disso, a promoção de campanhas, programas, iniciativas e palestras (sejam físicas ou online) tanto pode servir para consciencializar o indivíduo antes do jogo como para prevenir que chegue a situações de dependência. Isto pode servir tanto a nível individual como comunitário.
No que diz respeito ao vício de jogo, há várias camadas importantes de identificar, seguindo-se as principais: 1) quando o indivíduo reconhece o problema e quer ultrapassar a situação (primeiro passo – fundamental); 2) quando reconhece, mas o desejo de apostar é superior ao desejo de parar ou moderar; e 3) quando nem sequer reconhece e está imerso num estado de dependência profunda. Isto para sublinhar que há estratégias para cada fase do vício de jogo.
É importante proporcionar um apoio congruente e adequado, ouvir sem julgamento e perceber as motivações e objetivos do apostador, procurando substituir comportamentos aditivos por outros positivos.
Pode-se prosseguir com uma limitação gradual aos jogos físicos ou online a nível de tempo ou dinheiro (gerir valores tendo em consideração a situação pessoal do indivíduo) e incentivar a participação em variadas atividades ou hobbies que satisfaçam suas necessidades, que sejam estimulantes e distraíam o apostador do comportamento aditivo.
Encontrar algo entusiasmante pode ajudar a dar um novo sentido à vida. Uma dica útil é não emprestar dinheiro (pelo menos não frequentemente), pois isso pode dar ao apostador uma perspetiva de “solução fácil” para a situação.
Em casos mais sérios, para lidar com o vício, aconselha-se os seguintes recursos: ligar para linhas de atendimento específicas, consultar um psicólogo, comparecer a grupos de apoio (contextos onde se podem relacionar e cooperar no bom caminho, além de ouvirem histórias e perspectivas de outros) e integrar uma clínica de reabilitação, conforme a gravidade do vício.