Responsabilidade Corporativa na Indústria do Jogo

Responsabilidade Corporativa na Indústria do Jogo

Analisar o papel das empresas de jogos de azar na promoção do jogo responsável e como podem ser responsabilizadas por práticas prejudiciais.
Responsabilidade Corporativa na Indústria do Jogo

As empresas de jogos de azar são uma das duas partes fundamentais envolvidas nas apostas, ao constituírem-se como o fornecedor que permite ao consumidor – a outra parte envolvida – apostar. No entanto, e quando se fala na necessidade do jogo responsável, são estas quem tem a maior responsabilidade na sua promoção.

É possível elencar um leque variado de razões pelas quais são as empresas quem tem maior responsabilidade na promoção de boas práticas associadas às apostas desportivas:

  • Consciencialização: a necessidade de educação dos jogadores deve ser suprida pelas empresas e pode ser executada de diversas formas como a realização de campanhas informativas e educativas.
  • Fornecimento de ajuda: as empresas de jogos de azar devem oferecer recursos de ajuda aos jogadores, tais como linhas de ajuda ou serviços de aconselhamento. Importa realçar que estes devem ter as modalidades de intervenção em casos de dependência, mas também de prevenção, evitando ao máximo a chegada a situações extremas.
  • Ferramentas de regulação: ao colocar limites ao jogo, sejam estes de dinheiro, de tempo ou de outra índole, é possível travar um volume desenfreado, inconsciente e muitas vezes associado a dependência por parte do jogador.
  • Controlo rigoroso das informações biográficas: os jogos de azar são restritos a maiores de idade, pelo que impedir de forma clara e controlar a sua utilização por menores é uma necessidade que impera.
  • Relatar atividades suspeitas: colaborar com as autoridades na identificação e controlo de padrões de jogo irregulares e volumes de apostas é fundamental para evitar atividades suspeitas e travá-las em tempo útil.
  • Pesquisa: despender parte do orçamento e investir em estudos sobre o jogo problemático e maneiras para o prevenir é uma forma de atualizar práticas e estar na vanguarda da prevenção.

Caso estas medidas não sejam tomadas na sua plenitude ou, pelo menos, na sua maioria, há vários riscos coletivos, mas também para as empresas que podem ser responsabilizadas – de diversas maneiras – por estas práticas prejudiciais.

A sociedade civil e o seu bom funcionamento podem ser afetados a diversos níveis. O mais importante concerne à saúde pública. O vício no jogo está associado a transtornos de ordem física, mas, principalmente, mental que podem colocar uma pressão adicional – e passível de ser evitada – nos sistemas de saúde. Também a nível social a dependência das apostas é causadora de problemas como o desemprego ou o endividamento que fazem acionar meios públicos de assistência social que, noutro caso, estariam alocados a outras áreas.

Responsabilização das empresas por práticas prejudiciais

Caso não acautelem como devido e não realizem um trabalho na promoção do jogo responsável, as empresas podem ser afetadas a diversos níveis, nomeadamente o reputacional, o financeiro e o legal. Importa realçar que estes estão interligados e que não é possível abordar um sem tocar noutro.

Caso o papel das empresas seja, de algum modo, prejudicial na promoção do jogo responsável, acabando por contribuir para o seu contrário, estas podem sofrer graves danos a nível da reputação quer através da sua descredibilização perante utilizadores regulares, quer sofrendo de forte pressão pública.

Estes fatores podem levar a um impacto financeiro penalizador para a empresa com esta a sofrer riscos elevados de perda de clientes, patrocinadores ou parceiros comerciais. A este nível, importa também realçar a perda de licenças – que pode resultar no fecho total e fim das ações no mercado – correspondendo a um lesar completo.

Este tipo de medidas envolve uma forte componente legal. Além das sanções já mencionadas, importa destacar o aumento da regulação que, afetando determinada empresa em particular, afetará também todas as outras no ramo. Neste ponto inserem-se medidas governativas como o aumento de taxas ou impostos ou medidas de fiscalização.

Mário Cagica

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Jornalista e comentador

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